Com a proximidade da penca Turfe Paranaense – versão 2025, a ser corrida nos próximos sábado e domingo, lembramos da primeira penca nominada de GP Turfe Paranaense – que foi disputada há exatos 50 anos, em 01 e 02 de fevereiro de 1975, em 700 metros – com premiação de Cr$ 150.000,00 ao primeiro colocado e premiações a todos os demais classificados à final.
Naquela época era tudo muito diferente, a começar pelo número de inscrições – duzentas e vinte inscrições iniciais com 43 potros e potrancas confirmados para correr e separados em oito seletivas.
A distância era a mesma de hoje – 700 metros; porém não havia trilhos individuais, sendo a disputa em “raia aberta”. Tão pouco a penca acontecia em linha reta, já que o prolongamento da reta de chegada do Tarumã somente foi construído em 1977. Assim, como a reta tinha somente 500 metros, a largada acontecia no prolongamento da variante dos 1000 metros – (…que hoje não existe mais) – havendo, então, um pequeno “cotovelo” antes da entrada de reta.
Tivemos duas noites de apostas de remates com movimento geral de Cr$ 1.700.000,00. Ao término do jogo, o presidente Aramys Bertholdi, num empolgado discurso e sob calorosos aplausos, anunciou a intenção em dobrar a premiação para a edição em 1976.
Nos “ternos” de sábado classificaram-se para a final – EL TITO de Hermínio Brunatto; DAMALIS do Haras Rosa do Sul; OEIRANA do Haras Palmital; EL TATO do Haras Caratuva; BARONE de João Carlindo; ENGA do Stud Jotabê; HEIMVEH do Haras Rio dos Papagaios e EONIA de Silvio Batista Piotto.
No domingo tivemos, além da final, outras quatro provas de consolação para os potros que perderam as seletivas. Foram vencedores BUONA SERA (Jean Louis Boudin), VADECO (Haras Calunga), ASSIS (Marcos Mocellin) e MARXANE (Manoel Valente).
Na final , DAMALIS, muito ligeira e pronta de partida assumiu a ponta, seguida de perto por BARONE e OEIRANA. Logo na entrada da reta BARONE dominou DAMALIS, mas não fugiu, pois OEIRANA atacou pelo centro da pista. Após forte luta OEIRANA dominou nos 150 metros e aparou com categoria à atropelada de EL TATO, que mesmo sem percurso favorável veio buscar a dupla. Filha de Giant e Rhetoric, de criação e propriedade do Haras Palmital, pilotada por Valdeci Matos e treinada por José Ferreira dos Santos (popularmente conhecido como Pisa Macio), OEIRANA venceu por dois corpos a EL TATO (A.Zanin), com BARONE (S.Barbosa) a meio corpo deste em terceiro. A seguir chegaram EL TITO (J.Azevedo), HEIMVEH (A.F.Correia), DAMALIS (S.Lobo), ENGA (L.Rosa) e EÔNIA (V.Fagundes). Tempo 41”4/10.
HISTÓRIAS E ESTÓRIAS
1) A maioria dos favoritos confirmou nas seletivas, porém uma das favoritas – NIGHT GIRL (Stud Hanna) vinha fácil para vencer, quando em frente às arquibancadas sociais sofreu um colapso cardíaco e “rodou”, levando o seu jóquei J.C.Pereira, o popular “Carioca”, ao solo. A seguir vinha correndo ORA ORA de Alexandre Cicchelli, que não conseguiu desviar e tropeçou em NIGHT GIRL derrubando seu jóquei (Mauri Santos) a pouco mais de dois metros do disco. EONIA que vinha mais atrás em terceiro cruzou o disco se classificando para a final, logicamente com o pior tempo entre os classificados – e dentro da coerência foi realmente a última colocada na final a quase quinze corpos da vencedora, mas abiscoitando uma premiação de Cr$ 6.000,00.
2) MARXANE, um dos mais comentados, que veio de Pelotas-RS com grande cartaz, perdeu a seletiva para HEIMVEH. Surgiram comentários no prado de que o seu treinador o poupou demais nos trabalhos em Curitiba, fazendo apenas pequenos galopes, talvez acreditando ser uma grande “barbada” ou procurando “esconder” seu potro. Assim, MARXANE “engordou” , saiu ligeiro, parou no final e perdeu a seletiva para um tempo de 42”.
Já na Prova de Consolação, o decantado MARXANE venceu disparado em tempo recorde para a distância: 41”2/10. Tempo até 2 segundos melhor que as outras provas, e melhor que o tempo marcado na prova final por OEIRANA. Ou seja: MARXANE se “aprontou” na seletiva de sábado e, em forma, correu com vontade a prova consolação, no domingo. Se tivesse se classificado para a final seria difícil de ser batido.
MARXANE na sequencia de sua campanha foi líder de geração em Cidade Jardim, vencendo a Taça de Prata e obtendo segundo lugar no GP Ipiranga, ambas provas de Grupo 1.
3) Antes das provas eliminatórias a parelha OMPA e OEIRANA do Haras Palmital foi muito jogada nos remates, pois se sabia que eram corredoras e estavam muito bem. Porém OMPA perdeu longe a seletiva para BARONE e OEIRANA ganhou muito apertado (pescoço) de AL ARISH, que só perdeu porque tropeçou pouco antes do disco. Assim após as seletivas a cotação de OEIRANA baixou bastante e muita gente começou a “livrar” os remates ou mesmo vendê-los a módicos preços. Tanto que nas apostas da final OEIRANA foi apenas a sexta mais apostada. DAMALIS, BARONE, EL TATO e EL TITO que venceram facilmente as seletivas eram os favoritos. Todavia no desenrolar da prova, a filha de Giant apareceu como um “bólido” no final e venceu categoricamente, deixando surpresos os que assistiram a sua seletiva e muito bravos aqueles que abandonaram o seu “barco”. Na sequencia de sua campanha OEIRANA foi líder de sua geração em Cidade Jardim.
Coisas do turfe…. Há 50 ANOS….
Na foto acima vemos a vencedora do I GP Turfe Paranaense OEIRANA, sendo recepcionada após a vitória por seu criador e proprietário Antonio Jorge Ribeiro de Camargo, presidente Aramys Bertholdi, ex-presidente Alfredo Silvio Colle e presidente da comissão de corridas Carlos Eduardo G.A.Valente.
Apoio:
Haras Rio Iguassu
Excelente retrospectiva!
Assisti todas às corridas desta época, ainda com 12 anos de idade, mas é bom recordar esses áureos tempos de nosso Turfe, parabéns pela matéria.
Sensacional.acabei de falar a Amigo, que quem nao preserva a historia, nao merece o futuro. O melhor da Historia foi o Apelido Sensacional…Pisa Macio… Se o Itamaraty o descobre, vem busca- lo.