E o NOVO HIPÓDROMO DO TARUMÃ, como era chamado em 1955, já é um “senhor” de setenta anos.

Sete décadas de histórias… Quantas personalidades famosas e frequentadores anônimos já circularam pelas suas dependências, quantos cavalos correram, quantas fardas brilharam, quantas amizades, quantos sorrisos, quantas lágrimas? Impossível contabilizar! Incontáveis sem dúvida.

Tarumã retratado pelo artista Cassio Mello (1997) – Acervo JCPR

Foi em 10 de dezembro do ano de 1955 que esse septuagenário de hoje, porém sempre charmoso e cada vez mais belo e renovado, foi inaugurado numa tarde de sábado.

Embora relativamente novo se compararmos com a implantação do turfe paranaense, que através da fundação do Prado Jácome em Curitiba, já se encaminha para o seu 152º aniversário; – o Hipódromo do Tarumã marcou, praticamente, o profissionalismo e o modernismo das corridas de cavalos no Paraná.

Antes, no Prado Jácome e posteriormente no Prado Velho, o turfe do Paraná foi gradualmente evoluindo, e não seria mais possível mantê-lo em pequenos recintos. Eram necessários maiores espaços, melhores estruturas e mais profissionalismo. Um hipódromo maior e mais moderno certamente iria colaborar, em muito, para o desenvolvimento da atividade turfística no Paraná.

Muito se discutiu sobre qual seria a melhor opção: Remodelar e ampliar o antigo Prado do Guabirotuba ou construir um novo hipódromo… A maioria dos turfistas preferia um novo campo de corridas – um hipódromo dos sonhos, capaz de fazer frente aos maiores do Brasil. Porém, os tradicionalistas e admiradores do Guabirotuba resistiam à ideia de mudar o local das famosas domingueiras.

As negociações se iniciaram em 1948 e não foram nada tranquilas. Em 1950, finalmente decidiu-se pela aquisição de uma nova área. Com total apoio do governador Moysés Lupion, também um apaixonado turfista, que autorizou a aquisição da nova área; e de seu sucessor Bento Munhoz da Rocha Neto – com suporte financeiro do Banestado, haveria uma permuta de 12,5 alqueires no Prado do Guabirotuba – que passaria ao Governo do Estado – com uma área de 96 alqueires na Colônia Santo Antônio do Tarumã, hoje “Bairro do Tarumã”, destinada ao novo hipódromo. Difíceis e intermináveis negociações, mas que foram sendo aos poucos ajustadas.

Porém, apenas em 1952, na gestão do presidente Pedro Alípio Alves de Camargo, titular do Haras Preto e Ouro, devido ao seu grande empenho nessa empreitada, o moderno projeto começou a sair do papel.

    Pedro Alípio Alves de Camargo 

Tendo como projetista e engenheiro responsável pela construção do novo hipódromo, o jovem Edmir Silveira D’Avila, foram iniciadas as obras em 13 de setembro de 1952. A inauguração do hipódromo com arquitetura muito moderna para a época, inicialmente prevista para o novembro de 1953, por alguns problemas técnicos foi adiada para dezembro de 1954. Novamente adiada, finalmente o Novo e Monumental Hipódromo do Tarumã seria inaugurado em 1955.

Encontrando inúmeras dificuldades, próprias das grandes obras, a diretoria do Jockey capitaneada pelo incansável Pedro Alípio Alves de Camargo soube superar todos os obstáculos e transformar o sonho dos turfistas num dos melhores hipódromos do país.

Hipódromo do Tarumã em construção

Assim, às 11 horas da manhã do dia 10 de dezembro de 1955 com a presença de autoridades civis, militares e eclesiásticas; e de grande público curitibano e de outros estados, o novo Hipódromo do Tarumã era inaugurado. O evento de inauguração teve extraordinária cobertura jornalística. Muita festa, solenidades, discursos inflamados e banquete oferecido aos convidados, num magnífico evento bem organizado que deixou as dependências lotadas de turfistas e admiradores das corridas de cavalos.

Moeda Comemorativa à Inauguração do Hipódromo do Tarumã

Seguiu-se a realização do páreo inaugural corrido no início da tarde e vencido pelo animal MIGUEL ANGELO (Goleiro e Emirana por Jacques Emile Blanche-IRE), treinado em São Paulo por A.Garcia e pilotado pelo jóquei Pierre Vaz na distância de 2000 metros.

Páreo Inaugural – Primeira passagem no disco.

Continuando com as festividades após as corridas, seguiu-se à noite o “Baile de Gala” oferecido às delegações visitantes. E no dia seguinte, domingo, foi realizado o primeiro GP Paraná corrido no Hipódromo do Tarumã. O vencedor foi o gaúcho SALOMÃO (Confeso-ARG e Salamera-ARG por Senor-ARG), treinado por H.Miltzarek e pilotado por R.Arede na distância de 3000 metros. Em segundo chegou Rumbo e Cyro foi o terceiro colocado.

  SALOMÃO vencendo o GP Paraná de 1955

Testemunha Ocular

Duílio Berleze

Lembro perfeitamente da inauguração e da realização do primeiro GP Paraná do Hipódromo do Tarumã. – No hipódromo lotado, eu com sete anos, de mãos dadas com minha mãe, fiquei deslumbrado com aquela rampa que levava à arquibancada dos profissionais e aquela passarela onde observava os cavalos passarem por baixo. Uma coisa linda.   No GP Paraná, corrido no dia seguinte, ao ver os animais adentrarem à pista, gostei muito de um cavalo grande e castanho escuro chamado CYRO. Falei para minha mãe e ela disse que também achou bonito e lá fomos apostar nele. Ele, montado por Pierre Vaz, apesar da nossa grande torcida, chegou apenas no terceiro lugar, entretanto sua imagem permanece em minha memória há 70 anos.” (Duílio Berleze – criador e veterinário).

Lauro José de Lima

“Lembro bem da inauguração do Hipódromo do Tarumã, pois eu já atuava como aprendiz no Prado do Guabirotuba naquela época. Aliás, creio que dos profissionais que trabalharam no Guabirotuba e depois no Tarumã, só estão vivos eu e Eduardo Gosik. Acompanhei de perto a mudança e a inauguração do novo hipódromo. Nunca vi um público tão numeroso presente ao Jockey Club. Era uma grande aglomeração de pessoas de Curitiba, de cidades próximas e de outros estados que chegaram para assistir as solenidades e os páreos disputados naquele dia. Depois do GP Paraná, no domingo, o tempo fechou e a chuva chegou forte, mas não estragou a bela festa.”

Curitiba mudou muito ao longo de 70 anos: – Os elegantes chapéus não são mais acessórios essenciais do vestuário; a Rua das Flores não é mais tão florida; os cinemas de rua agora estão dentro dos shoppings; a Confeitaria Schaffer, o Prosdócimo, o Mercadorama, a Telepar, o Bamerindus não existem mais; e por aí vão as mudanças na capital paranaense; mas o Hipódromo do Tarumã continua sendo um local tradicional da cidade, sempre atual e funcional. Pintura das arquibancadas, reformas nos salões, novas cercas para as pistas, novo partidor elétrico e uma vila hípica impecável são presentes que o Tarumã está recebendo nesse comemorativo ano. Isso graças ao magnífico trabalho da atual diretoria presidida por Paulo Irineu Pelanda, que com o coração cheio de memórias turfísticas que resistem ao tempo, mas com o olhar certeiro no futuro, mantém hoje um “Idoso” Hipódromo do Tarumã tão deslumbrante como nos tempos do “Novo” Hipódromo do Tarumã.

Paulo Irineu Pelanda –  Atual Presidente do JCPR

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