Um dos haras mais queridos e lembrados do Paraná, que infelizmente hoje não existe mais, ainda vive na memória saudosa de muitos turfistas paranaenses como exemplo de haras com grande empatia pela velocidade.
Fundado em 1953 por Pedro Cavalim e batizado em homenagem ao centenário da Emancipação Política do Paraná, o HARAS CENTENÁRIO estava localizado inicialmente no município de São Mateus do Sul. Posteriormente, em agosto de 1974, os advogados José Cid Campelo e José Cid Campelo Filho, respectivamente genro e neto de Pedro Cavalim, montaram o novo Haras Centenário em Laranjeiras, município de Piraquara, em uma área inicial de 7,42 alqueires. Assim surgia um pequeno, porém importante haras dentro do cenário turfístico paranaense, que produzia animais voltados para a velocidade.
José Cid Campelo – José Cid Campelo Fº
O Haras Centenário foi praticamente todo montado por José Cid Campelo Filho, então com 18 anos, que recebeu essa incumbência de seu pai. E Cid Fº fez um ótimo trabalho, pois seu haras foi bem elaborado, com ótimos piquetes de bons pastos, boxes para alojamento, maternidade, farmácia, aposentos para funcionários e demais instalações necessárias para o bom desempenho de um haras.
Além da funcionalidade também a beleza fazia parte do lugar, com aprazíveis paisagens, onde belos jardins circundavam a residência daquele agradável criatório do puro sangue inglês. Tudo aos cuidados do gerente José Abib Bacil.
Entrada do Haras Centenário
Este haras possuía, em média, dez a quinze reprodutoras e um reprodutor. Dentre as reprodutoras alojadas estavam éguas argentinas, uruguaias e nacionais. E seu pastor chefe era FLASH GORDON – dono de uma velocidade incomum quando em campanha. Este cavalo de criação do lendário Haras São José e Expedictus, filho do francês Fort Napoleon e da nacional Sodoma por Formasterus (FR) – em 18 apresentações venceu 10 provas, entre eles o GP Internacional ABCCC, Clássico Augusto Correia Barbosa, GP João Leite Penteado, GP Presidente do Jockey Club, Clássico Domingos Teixeira Leite, Clássico República dos Estados Unidos do Brasil – todas as provas disputadas no Hipódromo de Cidade Jardim.
FLASH GORDON no Haras Centenário
Como curiosidade – Flash Gordon em 1967, venceu o Internacional GP Velocidade ABCCC sobre as “máquinas” Frígia e Zaluar , além de outros renomados corredores, e no dia seguinte competiu no Internacional GP Presidente da República – Milha, ponteando a prova até os últimos metros quando mancou – terminando na sexta colocação entre 15 competidores. Flash Gordon transmitiu velocidade aos seus descendentes, sendo pai, em poucas gerações, dos clássicos Operário, Douchka e Bobby Charlton; e de bons ganhadores como Tridulce, El Dotore Fabiano, El Geraldo, Mister Gordon, Katiripapo, Amazonense e Depailler.
DEPAILLER – Um dos bons filhos de Flash Gordon criado pelo Haras Centenário é recepcionado pelo seu proprietário João Carlindo após uma de suas vitórias.
Também cobriu as éguas do Haras Centenário o garanhão velocista NAPO – argentino filho de Pontino (ARG) e Napa (ARG), – recordista do “retão” dos 1200 metros da grama em Cidade Jardim. Pai de Galego (recordista dos 1100 metros na Gávea) e dos clássicos Itapacy, Issue, Hovênia e Bailez. Assim, com esses reprodutores, o haras estava totalmente voltado para a velocidade.
A primeira geração do Haras Centenário (1974) foi composta pela ótima ganhadora Auditora, pelo ganhador no prado e nas retas Aforado, além dos também ganhadores Ailez e Absolvição. Na segunda geração Bailez (5 vitórias – 2º em Grupo 2), Bêbo Ganda (8 vitórias), Bah Lupo, Bluciane, e as adquiridas Dama Cristal e Fricoteira.
AUDITORA– Primeiro produto nascido no novo Haras Centenário, sendo recebida após uma de suas fáceis vitórias. Farda de Francisco Farias de Souza.
A maioria dos produtos das primeiras gerações foi comercializada às canchas-retas, onde venceram várias pencas, sendo os famosos Francisco Farias de Souza e João Carlindo grandes clientes dos produtos do Haras Centenário.
Na sequencia o haras passou também a investir em coberturas de outros reprodutores importados visando sucesso também nos hipódromos. Um dos bons produtos criados pelo haras foi GREEN DREAM (1º GP ABCPCC –1000m – GRUPO I) – filho de Breeders Dream (GB) e Liguaria por Nordic (FR). Sendo também um velocista a dar alegrias aos titulares do Haras Centenário.
Infelizmente para a criação do PSI – em 1982, após nove gerações nascidas, o Haras Centenário parou de criar, sendo o haras vendido; porém, afortunadamente para o turfe, os seus titulares continuaram na atividade turfística. Hoje, inclusive, Dr. José Cid Campelo Filho, através do Stud My Hero Dad – homenagem ao seu pai falecido em 2019, – mantém vários animais alojados no Hipódromo do Tarumã, sendo um dos proprietários mais vitoriosos e respeitados do turfe nacional.
– Haras Centenário –
Este sim deixou saudades….
Galopando.com.br
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Haras Rio iguassu
Excelente matéria!!! Isto é parte da história do turfe paranaense!!!
Parabéns…e continue nos brindando com novos “episódios”!!!
Carlos Cesar craque da escrita – e da memória turfística! Parabéns!
Leopoldo Scremin
Parabéns! E de fundamental importância preservarmos a memória do nosso turfe, e em especial em casos como este onde a atividade segue de vento em popa com o nosso caríssimo Dr Cid!
Parabéns Carlos César! Excelente matéria. E parabéns pelo belíssimo trabalho na preservação da histório do turfe paranaense.
Nota 10!
Show… Maravilhosa matéria.
Me lembro do Haras e do Dr
.Campeão como meu pai assim o chamava eram amigos e frequentadores da cocheira do Piotto aos domingos pela manhã. Era um grande e apaixonado turista.
Deixou como legado o seu filho uma pessoa de primeira qualidade e também apaixonado pelo turfe.
Em 1975 fiz uma reportagem do Haras Centenario para o jornal Diario do Parana cujo o titulo em negrito destacava HARAS CENTENARIO ENSINA A CRIAR!!!!