De maneira evidente, em certas atividades, alguns sobrenomes merecem ser reverenciados pois carregam em suas letras muita história, tradição e sucesso.

O sobrenome GUSSO hoje está orgulhosamente representado em diversas partes do mundo. Do Canadá ao Uruguai, bem como da Escócia a Austrália, esse sobrenome de sonoridade simples, mas que transmite força ao ser pronunciado, tem muita memória e significado histórico.

De origem italiana, o sobrenome se enraizou mesmo foi no Brasil, onde trazido pelos imigrantes em 1888, possui atualmente mais representantes brasileiros do que propriamente italianos.

No turfe nacional não há quem não o conheça. Mais de 100 anos de história turfística brasileira demonstram a grande importância desta DINASTIA no cenário das corridas de cavalos do passado e do presente.

Os irmãos ERNESTO GUSSO e PEDRO GUSSO, patriarcas brasileiros da família no turfe brasileiro, foram treinadores de cavalos de corridas. Isso já no início dos anos 1900.

Ernesto Gusso 

 

  Pedro Gusso

Ernesto Gusso, nascido em 13 de abril de 1889, esteve mais ligado às canchas retas e às corridas de Trote. Teve quatro filhos homens, sendo que três deles: Mário Gusso, Rubens Gusso e Altair Victor Gusso também foram treinadores.

Mário Gusso foi um bom treinador, obtendo sucesso principalmente no Hipódromo do Guabirotuba. Altair Victor Gusso também teve boa visibilidade já que foi treinador, por muitos anos, dos animais do Haras Jatobá. Entretanto o destaque dos filhos treinadores de Ernesto Gusso cabe a RUBENS GUSSO.

Nascido em 11 de outubro de 1922, Rubens Gusso iniciou como aprendiz de jóquei em 1932, vencendo sua primeira corrida com REVOLTOSO treinado por seu tio Pedro Gusso. Permaneceu no Guabirotuba até 1940, quando então, já impossibilitado de montar pelo excesso de peso e altura, foi para o Rio de Janeiro onde atuou como subgerente para a Coudelaria Peixoto de Castro. Em 1943 voltou ao Guabirotuba onde trabalhou como ferrador durante três anos.  Em 1948 obteve a sua matrícula de treinador vencendo a primeira corrida com o animal MULINHA.

Alguns outros bons animais foram treinados por Rubens naquela época como ALVOROÇO, ERÊ e NOGADA. Em 1950 treinou e supervisionou quase todos os animais do Stud Moysés Lupion (ERÂNIO, EMINÊNCIA, ERGIDA, FANGIO, etc.). Em 1955 passou a treinar também todos os animais do Stud Ouro e Preto, de Pedro Alípio e Afonso Alves de Camargo Neto, conquistando muitas vitórias clássicas para aquela Coudelaria. IBIPORÃ e HUMORADA foram duas excelentes éguas que treinou. A primeira considerada a melhor égua paranaense de sua época e a segunda foi o animal que venceu a última prova disputada no Hipódromo do Guabirotuba. Rubens treinou também para outras grandes Coudelarias como o Haras Palmital e o Haras Primavera. Muito respeitado no Guabirotuba e no Tarumã foi, inclusive, o treinador de NORNE, vencedora em 1974 do GP Primeiro Centenário do Jockey Club do Paraná – penca precursora do GP Turfe Paranaense. Atuou até 1981 onde após alguns problemas de saúde passou a gerência de seus animais ao irmão Mário Gusso e a partir de 1982 ao seu filho Márcio Ferreira Gusso.

 Mário Gusso

Rubens Gusso

Márcio Ferreira Gusso e Rubens Luiz Ferreira Gusso, dois dos cinco filhos de Rubens Gusso, seguiram atuando profissionalmente no turfe, levando avante a tradição da família Gusso na atividade. Claudio, Décio e Doni, os outros filhos de Rubens Gusso, também são turfistas já que frequentemente estão no hipódromo e possuem cavalos de sua propriedade através do Stud Gussolândia.

Rubens Luiz recebeu o diploma de Médico Veterinário em 1983 pela Universidade Federal do Paraná. Atuou ativamente na clínica e cirurgia dos animais em treinamento no Tarumã, bem como nos haras de criação. Teve bons clientes como o Haras Palmerini, Haras Águia de Prata, Haras Curitibano, Haras Rio Verde, entre outros. Com desempenho ativo nas entidades de classe, Rubens além de Diretor do Jockey Club do Paraná, participou das diretorias do Sindicato de Médicos Veterinários, Conselho Regional de Medicina Veterinária e Associação de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida do Paraná. Atualmente também é Médico Veterinário da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná.

Márcio Ferreira Gusso recebeu sua matrícula de treinador em 1982, e de lá para cá se transformou num dos maiores e mais respeitados nomes do Brasil na arte de treinar cavalos. Após a primeira vitória com o animal CORÇADO, Márcio venceu grandes provas do turfe nacional como o GP São Paulo, Derby Paulista, Ipiranga, Copa ANPC, Taça de Prata, etc., além de vencer a Tríplice Coroa Paulista com o animal Fixador. Também é o treinador recordista de vitórias no Grande Prêmio Paraná – com cinco vitórias (Golden News-1989; Innamorato-1997; Mr.Pleasentfar-2000; No Ar-2017 e Lionel the Best-2020). Consagrado na profissão, Márcio venceu as estatísticas do Tarumã em várias oportunidades, e segue em plena atividade, numa rotina interminável de vitórias.

Os irmãos turfistas Claudio, Márcio, Décio, Rubens e Doni Gusso

Na outra ponta desse diagrama de genealogia turfista está PEDRO GUSSO, irmão de ERNESTO GUSSO e também treinador. Pedro Gusso foi grande treinador, um dos maiores a passar pelo Paraná, atuando também no Rio de Janeiro. Venceu importantes provas como a Taça Nacional em 1919, uma das mais importantes provas da época – com MINERVA. Também foi o treinador de LALA, égua de sua propriedade e vencedora do GP Estado do Paraná em 1940, no Guabirotuba; sendo esse GP considerado por muitos como o primeiro GP Paraná da história. Seus filhos Pedro Gusso Filho, Elidio, Leonel e João Batista (Joanin) também foram ligados ao turfe. Todos foram jóqueis sendo que “Joanin” Batista Gusso era considerado um excepcional ginete na época.

MINERVA, com o jóquei “Joanin” Batista Gusso (1919)

Elidio Pierre Gusso nasceu no Haras Campo das Pedras em 1911 e iniciou como jóquei em 1922 no Guabirotuba. Montou até 1935, inclusive vencendo provas na Gávea quando se transferiu para lá. Passou a categoria de treinador naquele hipódromo, treinando os animais de seu pai e onde permaneceu por 13 anos. Retornou ao Paraná em 1948.

   Elidio Pierre Gusso

Em seu retorno, um fato curioso é que Elidio venceu nesse ano as estatísticas de proprietários com apenas duas éguas que venceram muitas corridas: SALA e TAITI. Elidio contribuiu enormemente com o turfe já que foi professor de grandes profissionais como Antonio Bolino, Gervásio Fagundes, Luiz Rosa e muitos outros.

Pai de Elidio Pereira Gusso (Dengo), de Carlos Pereira Gusso (Nenê) e de Angela Gusso – transmitiu a todos eles a tradição do turfe já que Dengo e Nenê foram grandes treinadores e Angela um destaque como estilista do turfe na confecção de fardas e culotes para os jóqueis.

          Nenê, Ângela e Dengo Gusso

Dengo iniciou suas atividades de treinador no Tarumã, e venceu consecutivamente três GPs Paraná: Negroni (1971), Ruffus (1972) e Oldak (1973). Posteriormente seguiu para Cidade Jardim onde ganhou amplo destaque vencendo muitas provas graduadas naquele hipódromo. Julipa, Importanza e Green Dream foram alguns dos campeões de Grupo I que treinou. Dengo também foi um grande amigo e um “porto seguro” para os paranaenses quando estes se dirigiam a Cidade Jardim, fossem eles proprietários, jóqueis ou treinadores. Hoje o amigo Dengo está curtindo a sua aposentadoria no litoral paranaense. Seu filho Tony Gusso manteve a tradição da família no turfe se graduando Médico Veterinário e atuando junto aos cavalos na vila hípica do turfe paulista.

Com a ida de Dengo para São Paulo, quem assumiu as cocheiras no Tarumã foi seu irmão mais novo Carlos Pereira Gusso, o Nenê. Nenê também foi destaque na atividade vencendo seguidamente estatísticas e grandes provas do turfe nacional, inclusive o GP Paraná de 2005 com Fort Bird. O mais novo dos filhos de Elidio Pierre Gusso foi treinador de muitos craques como o “Cavalo de Ferro” Riadhis.

Angela Gusso, a filha de Elidio Pierre Gusso foi casada com o saudoso jóquei e treinador Gervásio Pedro Fagundes. E desse relacionamento nasceu Danielle Gusso Fagundes que, posteriormente seguindo a tradição da família, se tornou aos 18 anos a primeira treinadora de cavalos de corrida do Brasil. Nunca se intimidando no universo dominado por homens que é o turfe no Brasil, Danielle treinou cavalos no Tarumã e Gávea com boas vitórias nos dois hipódromos. Hoje mostra toda a sua competência como “starter” do Jockey Club do Paraná.

               Danielle e Tony Gusso

O irmão de Elidio Pierre Gusso, Pedro Gusso Filho foi muito bom jóquei, iniciando no Prado Velho e vencendo várias provas como o GP Cruzeiro do Sul com o animal Harpagão, prova esta pela primeira vez disputada com a extração do SWEEPSTAKE. Posteriormente se transferiu para a Gávea onde montou os animais de Linneu de Paula Machado. Transformou-se num dos mais vitoriosos treinadores na Gávea e em Cidade Jardim. Pedro Gusso Filho treinou animais de grandes proprietários como o Haras Pirajussara.

Na década de 90, Pedro Gusso Filho retornou ao Paraná se estabelecendo como supervisor dos animais treinados por seu filho, o médico veterinário Hermínio Gusso que atuou ativamente nos hipódromos de Cidade Jardim e Tarumã..

Pedro Gusso Fº

  Hermínio Gusso

Depois de todo esse currículo, é inegável considerar o grande merecimento do sobrenome GUSSO como um sobrenome a ser reverenciado no turfe nacional.

Encerrando, faço apenas uma simples indagação referente à “Dinastia Gusso”:

– A quem caberá a continuação deste sobrenome no turfe brasileiro?

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