Sob diversos aspectos, Riadhis foi um cavalo absolutamente ímpar. Talvez tenha sido ele o único PSI brasileiro que começou sua campanha vencendo (aliás, em recorde) uma “penca” em 700 metros, e chegou triunfalmente em provas de Grupo 1 Internacional em 2400 metros, além de ter obtido colocação de Grupo 1 em 3000 metros! Muito provavelmente, o descendente de Leda foi o único animal que venceu em recorde suas 3 primeiras apresentações em 3 hipódromos diferentes, e em 3 distâncias distintas. Após o seu “debut” na Penca da Fazenda Rio Grande, quando baixou a marca dos 700 metros, ele estreou em em Cidade Jardim igualando a marca dos 1000 metros, e marcou sua primeira apresentação no Tarumã, na prova inicial da Tríplice Coroa (que aliás venceu em estilo de cânter), melhorando quase em 1 segundo a marca dos 1600 metros, ainda que em raia completamente anormal.

Riadhis, agora sem sombra de dúvida, foi inigualável ao brilhar em provas de Grupo 1 em todas as distâncias em que elas existem no Brasil. Trata-se de um feito único, jamais igualado. Ele foi Grupo 1 em 1000 metros (segundo a cabeça no Major Suckow, na Gávea, e terceiro no Proclamação da República, em Cidade Jardim, Grupo 1 em 1500 metros (venceu o Juliano Martins), Grupo 1 em 1600 metros (venceu a Milha Internacional na Gávea, foi quarto na versão paulista da mesma prova), Grupo 1 em 2000 metros (foi terceiro no GP Jockey Club), Grupo 1 em 2400 metros (venceu o GP Paraná) e Grupo 1 em 3000 metros (terceiro no Consagração). Um retrospecto assim tem que ser considerado uma façanha inacreditável.

Para cumprir sua monumental campanha de 16 vitórias (2 em canchas retas) ele encarou uma companhia fortíssima, já que nessa mesma época atuavam nas pistas nacionais corredores fantásticos como African Boy, Aporé, Artung, Baleal, Baronius, Campal, Dark Brown, Dutchmann, Grammont, Intelsat, Haffers, Henley, Jeton, Lendário, Opalelê, Orient Express, Marceline, New Attack, Ventaneiro e outros grandes craques – todos eles clássicos de Grupo 1, muitos dos quais derrotados na pista pelo crioulo do Haras Preto & Ouro Ltda.

Mesmo submetido àquela que provavelmente tenha sido a mais rigorosa e versátil campanha que o turfe brasileiro já conheceu, o grande Tríplice Coroado Paranaense (e também tricampeão do GP Continental do Turfe, três vezes recordista…) retirou-se das pistas com sanidade impressionante, sem jamais ter sofrido sequer dores de canela.  E lembremo-nos que este verdadeiro “globe-trotter” do turfe venceu provas de Grupo 1 em 3 hipódromos distintos e colocou-se em Provas de Grupo nos 4 hipódromos oficiais do Brasil, pois foi ainda segundo (para Bambur, em recorde), na Milha Internacional do Cristal, então Grupo 3. Isto, aliado ao fato de ter tido em seu dorso diversos pilotos diferentes, são proezas em que poucos se igualam.

Talvez a maior de suas conquistas tenha sido a paixão que ele despertou nos verdadeiros turfistas. O ideal do cavalo de corridas, que ele representou como poucos, estará sempre nas mentes dos que tiveram a sorte de conhece-lo.

Sua coragem, velocidade, resistência, classe e vontade de vencer jamais serão esquecidos.

Mário Sérgio de Araújo Marquez.